Tragédia das chuvas Friburgo – Região Serrana
No final de 2010 eu tracei algumas metas para 2011 e uma delas foi atuar mais no fotojornalismo para grandes veiculos de comunicação e já na virada para 2011 surgiu uma importante pauta que foi a cobertura fotografica do reveillon no conjunto de favelas do Complexo do Alemão.
Na hora em que o editor da revista me ligou oferecendo a pauta eu não pensei duas vezes e aproveitei a oportunidade registrar e informar aquela grande mudança ocorrida na então pacificada comunidade do conjunto de favelas do Complexo do Alemão.
Em Janeiro sugiu a oportunidade mais uma vez de fazer o fotojornalismo de uma das maiories tragédias do século ocorrida em Friburgo na região serrana.
Um pouco mais de 24h de todo acontecido nós da Veja.com chegamos em Friburgo e nos deparamos com um cenário de guerra. Ruas inteiras encobertas por lama vinda das encostas, carros boiavam no rio, outros virados e soterrados. Pessoas descalças andavam sem rumo pelas ruas da cidade sem saber o que fazer, pois haviam perdido seus lares e parentes na tragédia das chuvas.
Vou postar um pouco das pautas e cenários que fotografei, personagens que fizeram parte de nossas pautas diarias durante toda nossa estada em Friburgo.
13.01.2011 – Já na estrada era visível o tamanho do estrago, casas condenadas devido instabilidade do solo das enconstas.
As forças armadas chegando a todo o momento para dar suporte e regate.
Estrada a meia pista devido a desabamentos.
População tentando achar solução para seus problemas.
Limpeza, mais que necessário!
Turismo interrompido!
Dia 14.01.2011 – Visita ao local de desabamento com vitima.
Lembro bem das palavras do sobrevivente no momento da entrevista. ” Minha esposa está aqui embaixo do que restou da casa, só não sei onde”.
Foram palavras carregadas de sentimentos de perda, palavras roucas e sofridas de quem perdeu sua companheira. O Rapaz contou que no momento do desabamento toda família havia conseguido sair da casa até mesmo sua esposa,mas segundo ele ela retornara a casa para desligar o gás e não conseguiu sair a tempo.
Avó relatou que salvou alguns de seus netos chutando escada abaixo da casa que estava sendo encoberta pelos escombros, pois não tinha como pegar todos eles no colo.
hospital de apoio montado na praça para atendimento das vitimas da tragédia.
Chamo esta foto de nivelamento social, pois quem perdeu tudo que tinha na tragédia recorreu a este e muitos outros abrigos na esperança de ter o que comer e vestir, bem como quem mesmo antes da tragédia já não tinha nada para comer e vestir. Ambos na mesma situação!
Uma cena intrigante:
Dia 15.01.2011 – Escola de samba serve de triagem de corpos das vitimas esperando a hora de ser sepultados.
Coletiva de imprensa com o Governador do estado do RJ. No momento da coletiva a chuva voltou a cair forte chegando a encher algumas ruas e preocupar as autoridades como bombeiros e defesa civil.
Dia 17.01.2011 – Equipes de recuperação tentando conter o estrago nas pistas de chegada e saída de Friburgo.
Primeiro a cidade foi castigada pelas chuvas, depois pela poeira do barro seco e contaminado.
1º vôo e cobertura fotográfica aérea na cidade de Friburgo!
Herói, assim que este homem foi tratado pelos bombeiros.
Ponto de entrega de doações para as vitimas da tragédia coordenado pelo BOPE. Todo momento caminhões com donativos chegavam ao local e voluntários faziam a separação das doações.
Mais adiante no condomínio Lago ou que restou dele, presenciamos cenas lamentáveis e relatos pessoas que dezenas de famílias estariam soterradas, muitas delas soterradas dentro dos carros quando tentavam escapar do pior.
Dia 19.01.2011 – Fotografia aérea do condomínio do lago, visão ampla de todo estrago causado pelo deslizamento da encosta.
Ponte provisória em Bom Jardim, moradores fazem fila para passar de um lado ao outro do rio.
Publicações No portal Veja.com nos dias em que estive na cidade de Friburgo.
Muito do que eu presenciei, ouvi e senti nos dias em que estive em Friburgo não pude capturar através das minhas lentes,mas com certeza ficaram gravadas em minha memória para o resto da minha vida.
Sem duvida esta foi minha maior experiência de vida tanto como pessoa, quanto profissional.
Momentos como estes nos ensinam muito mais que técnica, nos ensina a sermos equilibrados emocionalmente para usarmos todo nosso conhecimento.;
Momentos como estes transformam dias de vivência em anos de pratica;
Momentos como estes separam os corajosos dos covardes.
A melhor parte deste trabalho foi quando cheguei em casa e pude dar um abraço bem apertado em minha filha Sofia!
Postado em 10/06/2011 por Marcelo Vallin